quarta-feira, 12 de março de 2008

O Nome da Rosa & Tempos Modernos

Filme O Nome da Rosa: O filme, baseado na obra clássica do estudioso da Comunicação Umberto Eco, retrata o panorama medieval através da leitura como se apresentava e se tratava o conhecimento. A Igreja Católica enquanto instituição política dominava e tratava o conhecimento conforme o interesse de sua cultura, o Cristianismo, destruindo a maneira de pensar e refletir sobre a realidade anterior (cultura Greco-Romana), apropriando-se dela para direcionar o pensamento medieval e moderno.O mais interessante no filme foi verificar como se dava o gerenciamento do conhecimento, que, aliás, só estava em posse da elite, como foi durante muito tempo nos países que se formaram da desintegração do Sistema feudal. O filme é um retrato fiel da obra da literatura de Eco, que foi baseado em pesquisa nos principais mosteiros medievais da Itália. O pensamento elitista surgido no campo da educação moderna e contemporânea traduz toda a influência sócio-cultural que a igreja obteve na Idade Média e de certa forma mantém até hoje.Embora o pensamento educacional tenha “mudado”, evoluindo constantemente, os traços da influência cultural daquela época se refletem nas práticas pedagógicas e na falta de atualização e modernização da instituição escolar.Conforme demonstrou Michel Foucault, as instituições mantêm o mesmo estilo arquitetônico, para promover a vigilância e o controle social das atividades do educando. A escola, embora algumas mudanças, mantém as formas estilísticas de construção como existia na era Medieval, muito bem retratadas no filme O Nome da Rosa.

O Filme: O Grande Ditador – Charlie ChaplinO filme escrito e dirigido por Charlie Chaplin retrata a revolução industrial de 1776, que marca o início da fábrica e suas linhas de montagem, enfatizando o trabalho ritmado e a automação da produção em série. Temos evidente a marca da perda dos valores humanos e sua substituição pela máquina.No Brasil, a nossa revolução industrial chega com mais de duzentos anos, ou seja, em 1930, com o aparecimento das fábricas, o que requer mão-de-obra mais preparada para o trabalho. A escola, aos poucos, se prepara para a formação e preparo dos trabalhadores. Marcada pelo tecnicismo, a escola passou a assumir o sentido da formação da criança para ser o futuro profissional trabalhador. Assim, os currículos mudam para se adaptarem a nova situação, que antes preparava para ler, escrever e contar.A partir de 1930, a escola passou a se preocupar mais em ensinar as profissões e a formação dos trabalhadores do que buscar a continuidade dos estudos em nível superior, como acontecia anteriormente.O ritmo e a organização da escola lembram as fábricas quanto a sua rotina diárias. A sirene, que marca o início da aula, o intervalo e o final da mesma, assim como o corre-corre do movimento e a ansiedade em apanhar os portões abertos ficou marcado como a angústia que rege o tempo e a medida dele pelo relógio. Outro fator semelhante à linha de produção é a organização do mobiliário (principalmente as carteiras), que dispostas uma atrás da outra denota semelhança com a linha de montagem e a produção em série da fábrica moderna.Como enfatizou Foucault, a organização do espaço e a disciplina da rotina continuam marcando o estilo dos prédios escolares. O vigiar e punir não é apenas uma expressão da fábrica, é realidade também na escola.

R.L. Souza

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